sexta-feira, outubro 07, 2005

De onde?

Filhinho - Papai, de onde eu vim?
Pai (constrangido) - Bem... sabe... o papai tem uma sementinha... (leva meia hora a explicar da maneira mais didática possível como funciona o "processo de acasalamento").
Filhinho - Ah, tá!...
Pai - Mas por que me perguntou isso, filho?
Filhinho - É que o Luisinho me disse que veio de Uberaba.

terça-feira, outubro 04, 2005

voltando...

Vou tentar aparecer mais vezes pra escrever aqui...
parece que não consegui fazer o que tinha proposto no último post... mas errar é humano.

até porque, acho difícil que alguém venha ler isso aqui...
mas, vou tentar continuar escrevendo, pra ver se descarrego um pouco os pensamentos que viajam pela minha cabeça...

esses dias vi que não adianta insistir em algo que claramente não tem futuro.
por que o ser humano tem essa facilidade de querer enganar a si mesmo?

Mundo grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.

(Carlos Drummond de Andrade)